Na maior mina a céu aberto do mundo, diariamente, os gigantes da mineração trabalham em conjunto com cerca de outros 300 equipamentos de grande porte. Mas, e após a vida útil desses grandes maquinários, qual seria o seu destino?
O metal que é usado na fabricação desses equipamentos pode passar infinitas vezes pelo processo de reciclagem sem perder suas propriedades, o que favorece ainda mais a economia circular, ou seja, a reutilização após a vida útil dos equipamentos. De acordo com a Federação Internacional da Indústria da Reciclagem, a reciclagem de 1.000 quilos de aço gera uma economia de 1.100 quilos de minério de ferro, 630 quilos de carvão na queima, 55 quilos de calcário e 1,8 barris de petróleo.
Sucata ferrosa gerada numa mina, por exemplo, de um caminhão fora de estrada é transformada em aço novamente por empresa no Pará. Crédito: Divulgação
Outros resíduos gerados pelas operações Vale, como papel, plástico, madeira de embalagem, óleo usado, entre outros, são destinados de forma sustentável para as diversas empresas homologadas ambientalmente com as quais a companhia mantém contratos.
Segundo o supervisor da Central de Material Descartados (CMD) de Carajás, Hugo Ribeiro, parte das sucatas metálicas oriundas dos caminhões fora de estrada, equipamentos e estruturas são vendidas para a empresa Sinobras, sediada na cidade de Marabá (PA). Na Sinobras, elas são processadas e voltam ao mercado, dessa vez na forma de lingotes e aços longos empregados pela construção civil para suportar a construção de pontes, edifícios e residências. Em média, 38 mil toneladas de sucata de ferro e aço por ano são adquiridas da Vale pela Sinobras.
“A reciclagem do aço tem uma importância muito grande para o meio ambiente, pois retira produtos obsoletos que chegaram ao seu final de vida, tais como móveis, eletrodomésticos e veículos que são levados para a produção de novos aços”, destaca Edgard Corrêa, diretor de Suprimentos e Logística do Grupo Aço Cearense.
A Sinobras conta com mais de 400 fornecedores de sucata nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. As sucatas ferrosas representam cerca de 75% das matérias-primas utilizadas na produção do aço. Entre os materiais produzidos a partir da reciclagem estão os vergalhões em barra, rolo e bobina de aço, treliças, tela-coluna, telas e arame recozido. Em Marabá, a empresa gera atualmente mais de 2 mil empregos diretos e 45 mil indiretos.
O diretor de Suprimentos e Logística do Grupo Aço Cearense explica de uma forma simples como é o processo de transformar sucata em aço longo, vergalhão usado na construção civil.
A empresa adquire a sucata e é feita a classificação e separação por tipo de material. Em seguida, esse material é colocado em um caldeirão – um forno elétrico com temperatura de 1.600 graus -, onde a sucata é fundida até ficar na forma líquida e, então, são retiradas as impurezas e adicionados alguns elementos de liga metálica, como o nióbio, para dar a propriedade mecânica do aço a ser fabricado.
Depois, esse líquido é colocado em formas quadradas, processo chamado de lingotamento, onde ele vai sendo resfriado. A próxima etapa é cortá-lo em comprimento de 12 metros, que são chamados de lingotes ou tarugos. Seguem, então, para a laminação a quente, onde os tarugos passam por vários rolos até a peça quadrada obter a forma cilíndrica, que é finalmente o aço longo, o aço nervurado usado na construção civil para suportar a construção de pontes, edifícios e residências.