Em entrevista, esposa diz que não sabia que marido estava armado no réveillon em Canaã dos Carajás
Na tarde desta sexta-feira, 3, Thais Silva Felix conversou com a reportagem do Portal Canaã. A jovem de 20 anos é uma das sobreviventes do atentado e esposa de Renilton Nobre, apontado como o responsável pelos disparos efetuados durante a festa de réveillon em Canaã dos Carajás.
Ainda apresentando dificuldades para falar devido à bala que continua alojada na região do pescoço , Thais relembrou detalhes de momentos antes do crime e negou que China, como é conhecido o companheiro de 20 anos de idade, estivesse armado. “Estão dizendo que foi o China quem atirou, mas eu não me lembro direito. Eu não sei se ele tinha alguma arma. A {a gente se arrumou junto}, saímos juntos daqui de casa naquele dia, mas eu não sei foi ele quem atirou, porque eu não vi ele com arma. Eu já estava com um mau pressentimento, tanto que eu nem bebi nada. Ele [o Renilton] tinha bebido só uma latinha de cerveja.”.
O crime ocorreu por volta de 1h da madrugada e, segundo Thais, Jeovane Batista Belém, a teria convidado para dançar e a recusa da jovem o teria irritado. “O meu marido estava ao meu lado e esse rapaz que morreu estava do outro lado com um outro pessoal. Eu estava de frente para o palco abraçada ao meu marido quando o rapaz [Jeovane] chegou e me chamou para dançar, mas eu falei que estava com meu marido. O rapaz se alterou, acho que ele ficou zangado porque eu não quis dançar com ele, e foi em direção ao meu marido falando “qual é, qual é?, e deu um murro no China. Eu comecei a gritar para parar a confusão”, contou Thais.
Os tiros vieram na sequência e jovem diz acreditar na inocência do marido. “Na hora em que eu corri, eu só senti um choque e caí. Eu só via as pessoas correndo e depois começaram a gritar “pega um pano, pega um pano”, e foi nessa hora que vi que eu estava ferida. Eu não sei se foi o meu marido quem atirou. Eu não acredito que ele tenha feito isso”.
Thais também negou conhecer Jeovane e o outro sobrevivente identificado como Eduardo de Sousa Malhado. “As pessoas estão dizendo que eu estava com “esse” Jeovane para fazer ciúmes ao meu marido, mas eu nunca vi ele na minha vida, nem ele, nem o Eduardo. Eu conheci o Eduardo quando já estávamos no hospital”, revelou.
Mas a afirmação de Thais vai de encontro com as informações repassadas por testemunhas, que afirmaram ter visto a jovem dançando com Jeovane minutos antes do crime.
Amigos próximos ao acusado também informaram à reportagem que, o único alvo de Renilton naquela noite, era Jeovane por estar dançando com Thais, mas que no momento dos disparos, ela também teria sido atingida, mas de forma acidental, por estar muito próximo à vítima.
Thais e Renilton estão juntos há pelo menos quatro anos, mas, segundo ela, o casamento é recente, há apenas quatro meses. O casal tem um filho de dois anos. Renilton trabalha atualmente no departamento de manutenção de uma empresa especializada em alimentação em Canaã dos Carajás.
Renilton já tinha passagem pela polícia do município de Xinguara onde cumpriu pena pelo crime de assalto a mão armada.
Perguntada sobre o paradeiro do suspeito, Thaís disse não saber. “Eu não falo onde ele está porque eu não sei. Ele não tentou entrar em contato comigo nesses últimos dias. Eu acho que ele ainda não se apresentou porque está com medo. Mas ele não seria capaz de tirar a vida de ninguém”.
Se preso, o suspeito pode responder pelos crimes de Homicídio doloso qualificado e tentativa de homicídio. E se comprovado que o tiro que atingiu Tháis foi intencional, o acusado também pode ser indiciado por tentativa de feminicídio.
Fonte:Portal Canaã/Silva Lopes