O Tribunal de Júri de Belém condenou, nesta terça-feira (20), Diógenes dos Santos Samaritano a 20 anos de prisão pelo feminicídio de sua ex-mulher, Dayse Dyana Sousa e Silva, ocorrido em 2019, em Parauapebas. O réu admitiu, em depoimento, que pode ter sido o responsável pelo crime, mas alegou que não se recorda dos fatos porque estava alcoolizado no dia do ocorrido. Ele já estava preso preventivamente desde a época do crime e terá que cumprir mais 15 anos, 1 mês e três dias de reclusão.
O crime chocou a cidade de Parauapebas, onde Dayse foi jogada da janela do segundo andar da residência do casal
O juiz fixou a pena base em 21 anos, mas concedeu um ano de redução pela confissão do réu. Além disso, descontou o tempo que ele já cumpriu na prisão. Diógenes também perdeu o cargo público que ocupava no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), por ser incompatível com a condenação. O júri reconheceu quatro qualificadoras do crime: motivo fútil, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e violência doméstica e familiar contra a mulher.
Durante o julgamento, testemunhas relataram que Dayse sofria constantes agressões de Diógenes e que ele impedia o contato do filho do casal, que tinha quatro anos na época, com os parentes maternos. Dayse chegou a denunciar o marido por uma das agressões, que resultou na fratura de seu braço.
Policiais e peritos que trabalharam no caso também depuseram e afirmaram que não havia indícios de uma terceira pessoa na cena do crime e que o laudo pericial indicou que Dayse foi vítima de feminicídio, pois apresentava marcas de estrangulamento e ferimentos pelo corpo que não eram compatíveis com a queda da janela. Segundo os peritos, Dayse foi agredida antes de ser atirada e pode ter sido jogada sem consciência.
A psicóloga que acompanhou o filho do casal em Marabá contou que o menino disse a ela, em uma das sessões, que o “papai fez mal pra mamãe” e que imitou em uma boneca o gesto que disse ter visto o pai fazer de limpar a mãe com uma toalha branca.
Um dos momentos mais emocionantes do dia foi o depoimento da mãe da vítima, a advogada Wilma Lemos. Aos prantos, ela disse que Diógenes sempre se antecipava e registrava boletins de ocorrência contra a vítima, como uma forma de enganar a justiça.
Na fase de argumentação, a acusação enfatizou os laudos periciais e o histórico de violência sofrida por Dayse, que era de domínio público. A defesa, por outro lado, confirmou que o réu confessou o crime e ressaltou várias vezes que ele estava embriagado no momento do fato. Ao final, pediu aos jurados que afastassem a qualificadora de motivo fútil, o que não foi acatado.
Informações: Correio de Carajás