Fruto da CPI, Vale repassará 2,4 bilhões ao Pará em 2023.
Fruto dos trabalhos da CPI da Vale, os repasses são para pagamento da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) referente às atividades minerárias no Pará e outros R$ 360 milhões pelo Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
No último dia 18 de novembro, parlamentares e integrantes da CPI da Vale estiveram em Brasília para reunião com a empresa de onde trouxeram o compromisso do repasse. A CPI da Vale atua a mais de um ano e meio e trabalha no sentido de investigar as ações da companhia em território paraense.
A Comissão é presidida pelo deputado Eraldo Pimenta (MDB). O valor de R$ 2,4 bilhões é histórico para uma CPI no Pará.
Na reunião, a Vale pediu mais prazo para pagamento da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) referente às atividades minerárias no Pará. O encontro da empresa com a CPI da Vale, criada pela Assembleia Legislativa do Estado (Alepa) para investigar a atuação dos empreendimentos em 40 anos da companhia em território paraense, contou com presença do diretor jurídico tributário da empresa, Octávio Bulcão; a gerente de contencioso, Ana Carolina Coelho; o gerente tributário regional, Tiago Chaves; e a gerente de relações institucionais, Ana Carolina Alves.
A CPI da Vale buscava, nesse encontro, que se situa em uma fase de reta final do trabalho da Comissão, avançar no que se refere ao pagamento do valor de R$ 2 bilhões referente à CFEM. Pela Vale, Octávio afirmou que ainda há pendência de jurisprudência e clareza para que haja segurança jurídica para a empresa após fazer o pagamento.
“Temos interesse de trazer e registrar formalmente os elementos dessa compensação. Mas a CFEM não tem amadurecimento jurisprudencial para pagarmos. Carregar um contencioso não é bom, mas precisamos achar soluções dentro de uma governança”, pontuou.
Como forma de mostrar boa vontade e ratificando o avanço garantido em mais de um ano e meio de atuação da CPI, na captação de recursos para o Estado inclusive por meio do Projeto de Lei n° 368/2022, de autoria do Executivo, aprovado em sessão ordinária na Alepa no dia 8 de novembro, a Vale depositou, na última sexta-feira (11), o valor de R$ 1,2 bilhões referente à Taxa de Controle, Acompanhamento e Fiscalização da Atividade de Lavras (TFM), e R$ 360 milhões pelo Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que poderão ser distribuídos pelos 144 municípios paraenses.
“Reconhecemos o papel fundamental da Alepa, da CPI, que teve a visão de uma nova estrutura de relação com os contribuintes. A Assembleia fez um marco, um divisor de águas, e estamos em processo de construção de uma pauta concreta de parceria”, diz. “A decisão é regularizar o passado e negociar o futuro para não gerar contenciosos. É uma vitória inédita. Nunca se avançou numa pauta como essa”, finalizou Octávio.
O deputado Eraldo Pimenta salientou que a CPI da Vale buscava, no encontro, que se situa em uma fase de reta final do trabalho da Comissão, o pagamento do valor referente a taxa da CFEM, que, por hora, não será pago, mas comemorou os avanços e os recursos obtidos pelo Estado a partir da CPI.
“A gente observa que foi uma Comissão Parlamentar de resultados no tocante ao estado do Pará. Na evolução dos trabalhos e em digamos assim, do acompanhamento com a Assembleia Legislativa. Com o projeto do Executivo aprovado, pegando como base dados da CPI. Então nós já avançamos no sentido de ter aumentado a arrecadação juntamente com a Vale. Pode-se dizer que chegou a mais de R$ 1,6 bilhão só esse ano. Mais o que foi depositado no início do ano, no valor de R$ 750 milhões. Isso gerou, digamos assim, uma arrecadação ao estado recorde, fruto do trabalho desta Comissão”, declarou Eraldo.
Eraldo Pimenta, presidente da CPI apresenta relatório nesta terça-feira (29) | Foto: Ozéas Santos/Alepa |
ARRECADAÇÃO
Outro ganho que pode ser destacado é o aumento da arrecadação do Pará com a empresa, que passa de R$ 540 milhões para uma estimativa de R$ 2,4 bilhões no próximo ano – esses valores serão divididos em R$ 1,2 bi em recursos financeiros e R$ 1,2 bi em obras executadas.
A Comissão também foi responsável, segundo o deputado estadual, por iniciar a discussão sobre a CFEM. “Essa compensação poderá trazer ótimos resultados futuros positivos para o estado do Pará. Resumindo, além da gente dar uma resposta à sociedade paraense, nós hoje estamos, digamos assim, com a sensação de dever cumprido, porque nós colocamos, como parte de nossa ajuda, o estado do Pará como dos estados da federação de maior arrecadação da nação. E isso é graças também ao governador e sua equipe, que poderá fazer um trabalho fantástico e transformador no estado do Pará. Esse é o nosso futuro”, finalizou.
VEJA O REPASSE AOS MUNICÍPIOS:
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CPI da Vale
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Vale foi instalada em 26 de maio de 2021, por iniciativa do deputado Ozório Juvenil. A princípio, o prazo de funcionamento estabelecido era até setembro. O prazo foi prorrogado para dezembro e depois se estendeu até o mês de abril deste ano para que as investigações e esclarecimentos sejam ampliados. A CPI encerrará as atividades em janeiro de 2023.
Neste período, os membros da CPI trabalharam investigando a concessão de incentivos fiscais à empresa, o descumprimento de condicionantes, a ausência de segurança em barragens, repasses incorretos de recursos aos municípios e outros fatos ligados ao desenvolvimento do estado, como exemplo a ausência de projetos de verticalização da produção local.
A Vale registrou lucro líquido de R$ 30,56 bilhões no primeiro trimestre de 2021 e R$ 26 bilhões no ano de 2020. O Pará responde pela liderança na mineração brasileira, com 51%, porém, esses resultados não contemplam na mesma proporção os investimentos aplicados no estado. A companhia colhe, ainda, altos lucros com a exploração mineral em solo paraense, mas gera contradições acerca dos seus propósitos de sustentabilidade ao meio ambiente e com as comunidades no entorno dos seus empreendimentos.