Otimismo do mercado reflete medidas de Pequim, em favor do setor imobiliário chinês
Por Marcello Sigwalt/Poder 360
A reboque do otimismo que tomou conta do mercado (após o apoio explícito do governo de Pequim ao setor imobiliário chinês, em dificuldades), os preços do minério de ferro avançaram, nesta sexta-feira (6), com valorização de 1,9% dos contratos futuros para maio na Dalian Commodity Exchange da China, onde fechou a 855 iuanes – US$ 124,72 a tonelada.
De acordo com informações veiculadas pela agência Bloomberg, a intenção do governo da China é no sentido de ‘relaxar’ as restrições de empréstimos contraídos pelas incorporadoras imobiliárias do país asiático, mediante a aplicação de um ‘ajuste dinâmico’ nas taxas de hipoteca, direcionadas àqueles que se dispõem a adquirir uma moradia, pela primeira vez.
Entretanto, preocupações crescentes quanto à frequência dos surtos locais de covid-19 no gigante asiático tiveram influência sobre o comportamento dos preços do produto, que passou a ter tendência de queda, no cômputo semanal. Evidência disso é que o contrato de referência da Bolsa de mercadorias e futuros de Dalian já acumula recuo semanal de 1,3%, até o momento.
Também em Dalian, há a informação de que outros insumos siderúrgicos igualmente avançaram de preço, mesmo ante preocupações do mercado com a disponibilidade de oferta, que levou a China a retomar as importações de carvão da Austrália.
Na Bolsa de Cingapura, por sua vez, o minério de ferro de referência, referente a fevereiro próximo, aumentou 1,9% para US$ 117,30 a tonelada. Já na Bolsa de Futuros de Xangai, além da subida de 2,7% do vergalhão quanto da bobina laminada a quente, o fio-máquina cresceu 2% e o aço inoxidável foi reajustado em 0,2%.
Desde o início de novembro do ano passado, as cotações do minério apresentaram valorização superior a 40%, sobretudo por conta da decisão de Pequim, no sentido de reabrir a economia chinesa. Tal iniciativa, entretanto, é vista pela consultoria UBS BB como um ‘movimento puramente especulativo’.
Para os analistas da consultoria, analistas Andreas Bokkenheuser, Cleve Rueckert e Cadu Schmidt, “o que sublinha este ponto em particular é o fato dos preços do metal e do carvão para a metalurgia terem subido de forma bem moderada no mesmo período”, acrescentando que “a demanda por minério de ferro deve entrar em 2023 em baixa, enquanto a oferta deve continuar a crescer. Além disso, a queda da demanda pode acelerar ainda mais conforme as obras que estão sendo concluídas agora acabarem.
Os especialistas pontuam que “aliado a uma oferta em crescimento achamos que o rali recente do preço do minério de ferro é frágil e que os principais indicadores da China não sinalizam para uma recuperação material do setor de construção, mas que investidores de curto prazo estão comprando minério de ferro apostando apenas num evento sazonal de reabastecimento que acontece às vésperas do ano novo chinês, em janeiro. Tirando isso, a atividade está paralisada”.
Em conclusão, Bokkenheuser, Rueckert e Schmidt projetam um início de 2023 em que o pequeno excedente de estoques deve se transformar num déficit, fazendo com que os preços do minério de ferro permaneçam ao redor de US$ 105 e US$ 110 a tonelada. Para o segundo trimestre, os analistas da UBS BB, admitem que um excedente se forme novamente jogando os preços para US$ 95 a tonelada.