Rumo à cura: cientistas descobrem como o HIV escapa do tratamento
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Pacientes que fazem terapia antirretroviral vivem com o vírus controlado, mas o investigador descobre informações que podem eliminá-lo por completo.
Apesar de o HIV já ter sido responsável por muitas mortes no passado, atualmente, com a evolução da terapia antirretroviral, a maioria dos pacientes vive de forma saudável e controlada, embora o vírus não tenha desaparecido completamente do organismo.
No entanto, investigadores da Espanha e do Japão podem ter dado um novo passo em direção a um tratamento que elimina o vírus do corpo. Eles descobriram uma proteína envolvida no processo de “dormência” do patógeno.
Uma das maiores dificuldades na cura é que o HIV entra em estado latente, escondido do tratamento, e quando o paciente para de tomar os medicamentos, ele pode voltar a se manifestar. O estudo foi publicado na revista científica Communications Biology, do grupo Nature, nesta quarta-feira (10/5).
“A latência é uma grande barreira que impede a eliminação do vírus em indivíduos infectados pelo HIV. Não seremos capazes de curar uma infecção existente até que nos livremos de todas as células infectadas. Portanto, é essencial entender como essa latência funciona”, explica o professor Andreas Meyerhans, autor do estudo e pesquisador do Instituto de Pesquisa e Estudos Avançados (ICREA) da Universitat Pompeu Fabra, na Espanha, em comunicado.
Uma vez no organismo humano, o HIV apresentou alguns tipos de glóbulos brancos, verificou-se a capacidade de defesa do organismo contra outros hospedeiros. A proteína identificada chama-se Schlafen 12 (SLFN12), e a palavra de origem alemã significa “dormindo”.
Segundo os cientistas, a substância desativa a proteínas pelas células de defesa infectadas pelo HIV, impedindo a replicação do patógeno, mas mantendo o RNA do vírus em estado latente.
O Schlafen 12 também faz com que as células continuem produzindo apenas uma proteína que normalmente não é útil, mas é essencial para o HIV.
“O bloqueio das funções antivirais do SLFN12 deve aumentar a expressão da proteína viral e, assim, permitir que o sistema imunológico do hospedeiro e os medicamentos antivirais eliminem melhor os reservatórios virais. Depois de começar a produzir o vírus, ele se torna novamente visível e você recupera seu alvo. Assim, você pode atacá-lo e, com sorte, eliminar definitivamente as células infectadas latentes”, diz Meyerhans.
Os investigadores acreditam que a descoberta pode levar ao desenvolvimento de novos medicamentos mais eficazes contra a doença, na esperança de finalmente eliminá-la.
Diferença em relação a casos já considerados curados
Nos últimos anos, a ciência conseguiu curar cinco pacientes com HIV. Porém, em todos os casos, os indivíduos estavam com câncer e precisavam de um transplante de medula óssea. Os médicos responsáveis escolheram doadores que tinham uma mutação que os impede de produzir o CCR5, um receptor semelhante ao spike, no coronavírus, responsável por viabilizar a entrada do HIV na célula.
Assim, os pacientes infectados conseguiram eliminar todos os HIV do corpo, já que o patógeno não tinha como se ligar às células.
Fonte: Metrópoles