O programa de vacinação de Israel está mostrando sinais positivos na redução de infecções por covid-19 e no total de hospitalizações pela doença na faixa etária acima dos 60 anos.
A queda parece ser mais visível em pessoas mais velhas e nas áreas onde houve maior avanço da imunização.
Isso sugere que a vacina está surtindo efeito na saúde coletiva, e não somente o atual lockdown imposto no país, que reduz o contato entre as pessoas e, por consequência, o número de contágios.
Os números do Ministério da Saúde de Israel mostram que apenas 531 maiores de 60 anos dos quase 750 mil vacinados tiveram resultado positivo para coronavírus (0,07% do total) depois de receberem as doses da vacina, mas com sintomas leves.
Outras 38 pessoas foram hospitalizadas com sintomas moderados, graves ou críticos da doença — uma proporção ínfima.
O Ministério da Saúde avaliou os prontuários médicos de quase 1 milhão de pessoas no total — 743.845 das quais tinham mais de 60 anos — até pelo menos sete dias após terem recebido uma segunda dose da vacina.
Houve três mortes em vacinados com mais de 60 anos, mas é impossível de determinar se eles contraíram a doença antes de receberem o imunizante ou antes que sua imunidade tivesse tempo de se desenvolver após a vacina.
Antes que a vacina tivesse tempo de fazer efeito, mais de 7.000 infecções foram registradas, pouco menos de 700 casos de doença moderada a crítica e 307 mortes.
Os dados do Ministério da Saúde sugerem que as infecções caíram consistentemente de 14 dias após o recebimento da primeira injeção em diante.
Embora a maior queda observada tenha sido em pessoas sete dias depois da segunda dose da vacina, isso não pode ser usado como evidência a favor ou contra a estratégia de locais que decidiram adiar a segunda dose.
Israel tem consistentemente dado às pessoas duas doses da vacina com não mais do que três semanas de intervalo, mas não se espera que a primeira dose forneça proteção por pelo menos duas semanas depois da injeção.
Portanto, não é possível, olhando para esses dados, desvendar o impacto da segunda dose.
A primeira dose leva mais tempo para mostrar qualquer efeito, pois prepara o sistema imunológico para começar a reconhecer e combater o vírus.
Israel distribuiu 5 milhões de doses da vacina para uma população de cerca de 9 milhões de pessoas — e cerca de 1 milhão de pessoas receberam duas doses.
A pesquisa ainda não definiu se a vacina impede completamente as pessoas de transportar e transmitir o vírus.
Portanto, por enquanto, embora muitas pessoas permaneçam não vacinadas, aqueles que receberam a vacina ainda estão sendo instruídos a manter o distanciamento social e usar máscaras de proteção.
Os dados do Ministério da Saúde apenas analisaram infecções e doenças em pessoas vacinadas — não envolveram um grupo de controle de pessoas não vacinadas como um ensaio clínico faria.
Mas uma equipe de pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciência, da Universidade de Tel-Aviv e do Technion — Instituto de Tecnologia de Israel —, tentou determinar se a queda observada nos casos se deve à vacina e não apenas ao efeito das restrições do lockdown.
Os pesquisadores analisaram os dados nacionais por idade e por cidade.
Eles identificaram quedas maiores em infecções e hospitalizações tanto em pessoas com mais de 60 anos, que foram vacinadas primeiro, quanto nas cidades que vacinaram uma maior proporção de pessoas mais cedo.
Isso dá sinais positivos de que as quedas podem estar relacionadas à vacina, e não apenas às restrições atuais.
Separadamente, o segundo maior provedor de saúde de Israel, o Maccabi, publicou números mostrando que 66 pessoas de um grupo de 248 mil vacinadas (0,03%) contraíram o vírus mais de uma semana após receberem uma segunda dose da vacina.
Desses 66, todos tiveram sintomas leves e nenhum foi hospitalizado.
Ao contrário do Ministério da Saúde, o Maccabi comparou a taxa de infecção com 900 mil pessoas não vacinadas com um perfil demográfico semelhante. Nesse grupo, durante o mesmo período, 8.250 se infectaram com o coronavírus — mais de 30 vezes mais.
Eles estimaram que a vacina foi 92% eficaz quando usada em uma população — muito semelhante aos 95% anunciados pela farmacêutica Pfizer em um ensaio clínico controlado.
Fonte: BBC