Relatório de inteligência dos EUA afirma que China não criou o coronavírus como arma biológica.
Um relatório produzido por agências de inteligência dos Estados Unidos afirma que o novo coronavírus não foi criado como arma biológica pela China e que a origem desse vírus talvez nunca seja identificada. A avaliação traz ainda que uma transmissão de um animal para um humano ou um vazamento de laboratório ainda são hipóteses plausíveis de como o SARS-COV-2 nos infectou pela primeira vez.
O documento foi divulgado pelo Escritório de Inteligência Nacional dos EUA e pelo Conselho de Segurança Nacional americano e é uma versão atualizada de um estudo publicado em agosto, pedido em maio pelo presidente Joe Biden. Como parte do pano de fundo para a solicitação, políticos do partido Republicano (oposição ao atual mandatário do país) culpavam a China pelos efeitos da pandemia global.
Espalhando desinformação
O ex-presidente republicano Donald Trump e muitos de seus apoiadores se referiram à Covid-19 como o “vírus da China”. Esse tipo de afirmação ganhou adeptos em outros cantos do mundo, inclusive no Brasil.
Entretanto, segundo o relatório, as autoridades chinesas não sabiam da existência do vírus antes do surto inicial de Covid-19 na cidade de Wuhan, no final de 2019. O documento aponta que os defensores da teoria de que a China criou a Covid-19 como arma biológica “não têm acesso direto ao Instituto de Virologia de Wuhan”. Logo, estariam espalhando desinformação.
Ainda assim, os analistas acreditam que possa ter ocorrido exposição involuntária dos pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan ao vírus, o que resultou em contaminação humana. Para as agências de inteligência dos EUA, a forma indevida de trabalho dentro do laboratório chinês forneceu oportunidades para infecção, tanto por meio de manipulação de animais, quanto por acidente envolvendo experimentação.
A hipótese, ainda que menor, de que o coronavírus passou naturalmente de um animal infectado para o ser humano, ou por meio de um vírus relacionado, não está descartada. As agências americanas acreditam que não serão capazes de produzir uma explicação mais definitiva para a origem do Covid-19 sem novas informações.
O relatório conclui que a comunidade científica global não sabe exatamente onde, quando ou como ocorreu a primeira infecção humana com o coronavírus. A China tem enfrentado críticas internacionais por não cooperar mais plenamente nas investigações sobre as origens da Covid-19.
Em um comunicado da embaixada chinesa em Washington, essa crítica é rejeitada. “Temos apoiado esforços baseados na ciência para rastrear as origens e continuaremos nos mantendo ativamente engajados. Dito isso, nos opomos firmemente às tentativas de politizar essa questão”, registra o documento
Liu Pengyu, porta-voz da embaixada, disse que “os movimentos dos EUA de confiar em seu aparato de inteligência em vez de cientistas para rastrear as origens do Covid-19 é uma farsa política completa”.
(Por Ronnie Mancuzo, editado por Layse Ventura/Olhar Digital)