Quatro pacientes tratados com hidroxicloroquina em UTI recebem alta
Apesar disso, não é possível determinar que a doença foi curada devido ao medicamento
Quatro pacientes com Covid-19 internados em estado grave na UTI do Hospital Igesp, em São Paulo, receberam alta após tratamento com combinações de hidroxicloroquina e outras drogas.
Ministério da Saúde define protocolo de uso da cloroquina contra Covid-19
Hidroxicloroquina não é mais eficaz que tratamento convencional, diz estudo
Em entrevista ao UOL Viva Bem, o médico e coordenador das UTIs do hospital, Dante Senra, afirmou que foram administradas doses de 400 mg do medicamento em intervalos de 12 horas. Porém, devido a amostra relativamente pequena de pacientes, não é possível determinar que eles foram curados graças à hidroxicloroquina. ?Como se trata ainda de um número pequeno, não há como estabelecer uma relação de causa e efeito?, disse Senra.
Segundo o médico, o Igesp não integra a Coalizão Covid-19. A pesquisa conduzida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, Sírio Libanês, HCor e a empresa BRICNet deve iniciar testes clínicos com pacientes em estado grave na próxima semana. É estimado que, ao todo, mais de mil brasileiros participem das três etapas do estudo.
A reportagem do UOL não revela quais as outras drogas utilizados no tratamento dos quatro pacientes. Senre ressalta, no entanto, que os protocolos internacionais sobre a droga foram “avaliados criteriosamente”.
Protocolo
No Brasil, o Ministério da Saúde definiu o protocolo de uso do hidroxicloroquina em hospitais somente nesta semana. De acordo com as orientações, o tratamento deve ser realizado ao longo de cinco dias e ministrado somente em pacientes críticos, sempre sob supervisão médica.
Já a venda do medicamento nas farmácias é controlada e exige a apresentação de receita branca assinada em duas vias por autoridades de saúde. O Ministério defende que o uso é exclusivo a ambientes hospitalares e apenas pacientes que utilizam a cloroquina para tratar outras doenças, como lúpus, artrite reumática e malária devem adquirir o remédio nos estabelecimentos comerciais especializados.
Eficácia ainda é dúvida
Embora promissor, a eficácia do tratamento com hidroxicloroquina ainda carece de evidências científicas. A aposta na droga é sustentada em pequenos estudos. Um deles envolveu 36 pessoas divididas em três grupos tratados com hidroxicloroquina; outro com uma combinação da droga com azitromicina; e o último com procedimentos convencionais.
Os pacientes que receberam somente a hidroxicloroquina e a combinação com a azitromicina apresentaram maior índice de recuperação do que o grupo de controle.
Em contrapartida, um ensaio clínico publicado no Journal of Zhejiang University, na China, apontou resultados contrários a hidroxicloroquina. Dos 15 pacientes que receberam o medicamento, 13 apresentaram resultado negativo para o coronavírus após uma semana de tratamento. Dos 15 pacientes que não receberam a hidroxicloroquina, 14 apresentaram resultado negativo para o vírus.
Fonte: Uol