Segundo o último Censo do IBGE, realizado em 2022, a cidade tinha 77.079 habitantes. Já a projeção para 2025 aponta que a população deve chegar a 91 mil pessoas. Mesmo com um porte populacional relativamente pequeno, o município figura entre os mais ricos do Brasil, mas sua população ainda enfrenta problemas básicos, como a falta de água nas torneiras.
A previsão é que Canaã dos Carajás ultrapasse, como já ultrapassou algumas vezes, a arrecadação de Parauapebas. E esse contraste se torna ainda mais evidente quando se compara os municípios: Parauapebas tem 309 mil habitantes, três vezes mais moradores que Canaã, e praticamente a mesma arrecadação em royalties da mineração. Enquanto Parauapebas lida com uma complexidade maior de demandas, Canaã, compacta e com população bem menor, não consegue oferecer qualidade de vida proporcional ao volume bilionário que entra em seus cofres.
Os problemas não se resumem à falta de água. A cidade ainda convive com ruas sem pavimentação, falhas graves no saneamento básico e uma estrutura precária diante de crises climáticas. Canaã já registrou episódios de ventos fortes e ventanias que expuseram a fragilidade urbana, mostrando que o município não está preparado para lidar com desastres naturais. Em uma cidade bilionária, a ausência de infraestrutura básica escancara a distância entre arrecadação e realidade.
Mesmo assim, Josemira Gadelha é exaltada como uma das melhores gestoras da região. Há quem a trate como “a melhor prefeita do mundo”, não apenas em Canaã, mas até entre moradores de Parauapebas, que veem na cidade vizinha uma referência de administração. Esse contraste, no entanto, tem explicação: Parauapebas amargou 16 anos de gestões desastrosas, que deixaram a cidade em caos administrativo. Quando olham para Canaã, muitos esquecem os bilhões que entram nos cofres da prefeitura e se contentam em dizer que lá está tudo ótimo, sem considerar os problemas estruturais que seguem sem solução.
A arrecadação de Canaã supera até mesmo a de Imperatriz, no Maranhão, que em 2023 teve receita tributária de R$ 1,105 bilhão, embora seja uma cidade de porte muito maior, com população estimada em 285.146 habitantes pelo IBGE em 2024.
O culto político, aliado à desinformação sobre o volume bilionário arrecadado, faz com que a população aceite a precariedade de serviços que poderiam estar em outro patamar. Canaã dos Carajás, mesmo com cofres abarrotados, deixa faltar água, saneamento, pavimentação e estrutura para lidar com crises climáticas, e a realidade mostra que a fortuna arrecadada não se converte em qualidade de vida para os moradores.