Durante seu discurso na COP30, o prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano, fez críticas fortes à Vale, mineradora que atua no município. Ele declarou que a empresa seria uma das maiores sonegadoras de impostos do planeta e afirmou que a atividade mineral impõe impactos severos à população, citando especialmente os povos indígenas da Terra Xikrin do Cateté. No pronunciamento, Aurélio mencionou um suposto débito de R$ 10.000.000.000.
As declarações repercutiram na cidade e levaram o vereador Alex Ohana, em entrevista à Rádio Câmara, a afirmar que os números levantados pela CPI instalada na Câmara Municipal seriam ainda maiores que os citados pelo prefeito. Segundo o parlamentar, a comissão investiga a arrecadação e possíveis débitos relacionados à mineradora chegando na cifra R$ 11.777.671.099, e alega que a empresa não tem participado das tratativas para discutir o assunto. Ele reforçou que os levantamentos da CPI indicam divergências entre o que foi pago e o que seria devido ao município.
A CPI aponta que a possível dívida ultrapassaria os R$ 10 bilhões e que esse cenário teria impacto direto na economia local. Um dos pontos citados pela comissão é a queda de 37 por cento na arrecadação da CFEM até maio de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O objetivo da investigação é apurar a origem da redução e pressionar a empresa a repassar eventuais valores pendentes. O tema ganhou destaque, após o discurso do prefeito na COP30.
Após a repercussão, a Vale divulgou nota afirmando que paga regularmente todos os tributos referentes às suas operações em Parauapebas, seguindo a legislação. A empresa informou que seus processos tributários e de recolhimento de CFEM são auditados, acompanhados e discutidos nas esferas legais e administrativas. Segundo a mineradora, entre 2020 e agosto deste ano foram recolhidos cerca de R$ 6 bilhões em ISS e CFEM no município.
A companhia destacou ainda que emprega mais de 30 mil pessoas em Parauapebas, entre trabalhadores diretos e terceirizados, e que destinou R$ 4,5 bilhões em compras de fornecedores locais apenas no primeiro semestre de 2025. A mineradora citou investimentos culturais e econômicos, como o Centro Mulheres de Barro e festivais realizados na cidade. Na área social, afirmou ter aplicado mais de R$ 72 milhões em projetos de inclusão, educação, saúde, esporte, combate à pobreza, geração de renda e apoio a associações de moradores nos últimos cinco anos. Também mencionou aportes destinados ao Conselho do Idoso e ao Fundo da Infância, somando repasses realizados nos últimos anos.
A Vale ressaltou ainda a assinatura de um termo de compromisso de R$ 100 milhões com a prefeitura, firmado em setembro, para investimentos em saúde, infraestrutura e diversificação econômica. A empresa reforçou que mantém canais institucionais de diálogo abertos e reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento de Parauapebas.
